terça-feira, 30 de março de 2010

O vício da droga...


Que tipo de droga mais te atrai? Cocaína, Crack, LSD, Maconha...? Aonde você se esconde? Sua mãe, seu pai, seus amigos, sua grande paixão...? Sua religião, sua falta de crença...? Sim, você se esconde atrás de alguma coisa ou de alguém. Ou de várias coisas e de vários alguém. Você também chama de fortaleza. Essa é a sua droga.


Eu sei viciar. Sou capaz de te alucinar. Eu posso te prender a mim como cola de sapateiro prende a sola ao sapato. Posso enlaçá-lo como um dos mais habilidosos peões de rodeio. Você vai querer estar próximo a mim, ouvir minhas histórias, meus conselhos, meus problemas e até minhas piadas. Vai querer desabafar, vai querer confiar em mim, vai me usar como parte integrante de sua fortaleza. Serei sua muleta, quando você precisar andar. Sua companhia, quando estiver sozinho. Seu cúmplice quando fizer loucuras. E serei sua droga, seu vício, e estarei contigo em todos os momentos difíceis.


Mas não sou uma droga tão poderosa. Vicio só um pouquinho, não tenho efeito duradouro. Normalmente você me procura quando precisa, suga todas as boas energias que eu possuo, algumas não tão boas assim... e quando paramos pra perceber, o vício é mútuo. Cada um precisa do outro. A droga que se viciou no viciado. De repente a situação se inverte. A fortaleza vira a parte que precisa de proteção, e o viciado vira a fortaleza. E é nesse momento que perco meu poder de viciá-lo. È próximo a isso que o efeito acaba e você me esquece. Talvez teus pais o tenham levado para uma clínica de tratamento. Mas o remédio é único e eficaz, ao contrário dos que existem para as outras drogas. Em pouquíssimo tempo não há mais nenhum vestígio de mim em teu organismo e eu só existo em alguma parte das suas lembranças. Lembranças de alguns meses. Bons tempos...


E esse é o final feliz da história de um drogado. Não há mais nada pra mudar... não falta nada, tudo está em perfeita ordem. Outros virão e se viciarão, e a história não se cansa de repetir. Mas quem cura o vício da droga? Agora que ela dependia de você, o viciado, e foi deixada de lado... quem foi capaz de curá-la? Talvez outra fortaleza, de muros mais resistentes, que não são tão frágeis quanto a mim, que finge ser forte e capaz de suportar qualquer bala de canhão. Talvez uma outra droga, quem sabe, com um super poder de vício que age em você, poder esse que eu não tenho como causar a ti... E ninguém vai curar o vício que os viciados deixaram na droga, descartando-na em alguma lata de lixo ou abandonando-na presa dentro de alguma seringa qualquer... e a história se repete.